Efeito de solo previamente cultivado com plantas aromáticas na desenvolvimento de alface

Efeito de solo previamente cultivado com plantas aromáticas na desenvolvimento de alface

Do artigo “Efeito de solo previamente cultivado com plantas aromáticas na germinação e no desenvolvimento inicial de alface” de T. S. PEREIRA, M. C. VIDAL y F. V. RESENDE, publicado na Revista Brasileira de Plantas Medicinais.

As plantas aromáticas são consideradas de usos múltiplos por serem utilizadas como medicinais, inseticidas, repelentes, antimicrobianas, condimentares, adubos verdes, entre outros. Os metabólitos secundários dessas plantas, principalmente os óleos essenciais, vêm sendo estudados principalmente para o desenvolvimento de métodos de controle alternativo de pragas e doenças na horticultura, e por possíveis funções alelopáticas no sistema, como a inibição do crescimento de espécies espontâneas.

Ufals
Alface

A introdução dessas plantas nos modelos agroecológicos de produção traz uma série de benefícios, mostrando-se promissoras quando em consórcio com hortaliças na repelência de insetos vetores e na diversidade de pragas e de artrópodes predadores.

O objetivo desse trabalho foi verificar o efeito do solo pré-cultivado com plantas aromáticas na germinação e no desenvolvimento inicial de plântulas de alface cv. Simpson. A pesquisa foi realizada na Embrapa Hortaliças, Brasília, em bandejas mantidas em casa de vegetação.

O experimento foi conduzido em delineamento experimental inteiramente casualizado, com três repetições e onze tratamentos: solo pré-cultivado com

  • hortelã-comum (Mentha x villosa)
  • hortelã-brava (Mentha arvensis)
  • hortelã-pimenta (Mentha piperita)
  • Mentha spp.
  • capim-citronela (Cymbopogon winterianus)
  • capim-limão (Cymbopogon citratus)
  • manjericão de folha larga (Ocimum basilicum)
  • manjericão de folha roxa (Ocimum gratissimun)
  • tomilho (Thymus vulgaris)
  • sálvia (Salvia officinalis)
  • sem cultivo prévio de planta aromática (controle)

Aos 30 dias após o semeio, foram avaliadas: índice de velocidade de emergência (IVE), taxa de sobrevivência (TS), número de folhas (NF), comprimento da raiz principal (CRP) e da parte aérea (CPA), massa fresca da raiz (MFR) e da parte aérea (MFPA) e massa seca da raiz (MSR) e da parte aérea (MSPA). Os dados foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Houve diferença significativa em relação ao IVE, sendo que o tratamento com C. citratus afetou negativamente a emergência das plântulas. O tratamento com M. arvensis apresentou uma TS de apenas 16% das plantas aos 30 dias após a semeadura. O NF foi menor no tratamento com M. arvensis, diferentemente de todos os demais, exceto S. officinalis. A MRF e MFF foram estimuladas pelo tratamento com T. vulgaris sendo superior a todos os outros tratamentos.

Os resultados obtidos permitem concluir que o solo cultivado M. arvensis apresenta efeito inibitório no desenvolvimento da alface possivelmente por presença de exsudatos radiculares ativos na rizosfera e que o solo cultivado com T. vulgaris apresentou efeito benéfico, estimulando o desenvolvimento inicial dessas plantas. Trabalhos dessa natureza devem continuar sendo desenvolvidos no sentido de entender quais os mecanismos e as possíveis interações de plantas aromáticas em sistemas de cultivo agrobiodiversos de produção de hortaliças.